segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Panta Rhei

 



Não há nada estático, a não ser a sensação de estaticidade.

A realidade está em trânsito, em fluxo constante e só há o uno múltiplo das coisas. A realidade não é mais real ou menos real, ela é simplesmente aquilo que é e como se apresenta. A única permanência é a impermanência. Essa é a imagem imperturbável do tempo.

A vida é um rio que corre. Qual a sua fonte? Para aonde ele vai?

Qual o teu rio? Qual a tua fonte?

O que é jogado para dentro do teu rio? O que pode atrasar o seu fluxo?

A liquidez da água mostra que ela pode moldar-se.

Coloque a água no copo.

Coloque a água em uma vasilha.

Coloque a água em um tanque.

Certamente a água se amoldará ao seu espaço.

No entanto ela estará sob o limite do espaço nos quais ela estiver enclausurada.

A mente presa a um espaço, não progride.

A mentalidade estreita pelos sentidos do ter, nunca será.

Não adianta dizer ao animal para não beber a água da lama se ele está com sede e irracionalmente bebe de qualquer água que está a sua frente.

É perda de tempo.

Mas tu, Ó ser humano dotado de razão, porque insistes em beber água de lama, depois que bebestes água limpa?

A água pode desaparecer e evaporar-se.

O perigo de não conhecer a sua grandeza constitui-se em uma grave ameaça existencial para o ser humano. No entanto, mais grave ainda é não reconhecer aquele que lhe conferiu tal grandeza.

Desejar a água do outro é sinal de que a sua própria água foi desprezada. Desejar o do outro é a denuncia psicológica de sua total incapacidade (...) é entregar-se ao nada, ao caos na existência.

O que você ver? Sinceramente falando. O que você ver?

Dos “eus” que em ti existem, qual deles é o menos mentiroso? Qual deles sabota a tua vida? Qual deles impede o teu fluxo, o teu rio?

Qual verdade procuras? De quais tens medo? Se tens medo da verdade, por que a procuras? Se tua ilusão te é suficiente para esta Biovida, qual vida procuras?

Se queres andar, respondas a ti mesmo, a ti mesma, onde teus pés estão preso? Se deseja progresso, responda, porque mantém suspensa a tua racionalidade? Alguém disse no passado que a vida é um absurdo, pois bem, a absurdidade da vida é que a cobra é mais prudente do que a pomba.

Para de olhar as questões e enxerga de uma vez por todas as evidencias!

Porque se encurvou o teu corpo que antes era reto? É o encurvamento que reduz a visão. Mede os espaços (...) não é sábio esticar as pernas para alcançar a meta quando deixastes o teu corpo na largada.

Agora a chuva cai (barulho de chuva após a janela).

Há um ano novo, mas a vida que é rio que corre, nunca foi a mesma.

Ontem, estou mais longe do que hoje, mas perto do amanhã.

O mundo desaba e desabará, mas a vida deve permanecer intacta.

A foice levantada para cortar a árvore se ergue e desce, mas o ar que ela transpassa, continua inabalável!

A sabedoria consiste em não ter ainda alcançado a sabedoria: chegar é um sonho.

O que resta?

Erga as velas do teu barco e não se preocupe se há vento, acredite, haverá vento.

Liberdade é ser esse rio que vai sem nunca esquecer a sua fonte.

Um novo ciclo se iniciou. Há uma nova contagem.

Não há nada lá fora.

Para aonde corre o teu rio?